sábado, 5 de junho de 2010

PAPA

Tenham medo
Tenham muito medo
A estupidez grassa
O povo só mexe pelo Benfica e pelo papa
O Vaticano através do papa ofereceu a Fátima a rosa de ouro. O santuário é do Vaticano.
A igreja ofereceu orações às vítimas de terramotos.
Pareceu-me ter visto dois caças persistentemente a sobrevoar Lisboa.
Pareceu-me ter visto cinco helicópteros da força aérea para escoltar o papa de Lisboa para Fátima
Pareceu-me ter ouvido falar de aumentos de impostos.
Pareceu-me ter ouvido falar de corte de subsídios a pessoas que perderam o emprego.
Não me pareceu ter ouvido falar de os bancos terem sido tributados como os pobres ou as pequenas e médias empresas ou as grandes fortunas.
Pareceu-me que os bancos voltaram a ter lucros monstruosos.
Pareceu-me ter ouvido dizer que os gestores das empresas ganham prémios em função dos lucros dessas empresas e basta aumentar o preço da electricidade, da gasolina ou de qualquer serviço sem concorrência para garantir esses prémios e que gerir assim é cá uma trabalheira…
Crise? Qual crise?
Ah, mas temos soluções!
Cortes nos benefícios fiscais – saúde e educação.
Cortes nas remunerações do trabalho dependente – subsídio de natal e mais logo se verá.
Aproveitar a visita de sua santidade o protector dos pedófilos, anestesia geral.
Depois de matar o vínculo dos servidores públicos em geral, de lhes congelar os salários.

ANESTESIAS

Está à vista de todos, alguns pronunciam-no, mas poucos o escrevem.

Isto tresanda a Estado Novo.
Fátima atascou-se de povo prostrado perante o clero. Os governantes e os candidatos a governantes não podiam faltar ao evento. Todos se deslumbraram com a opulência e o fascínio do ouro e receberam, extasiados, o banho demagógico contra o aborto e o casamento de descriminação de género. Com vénias e oferendas. Com caças e helicópteros. Com despesismos gritantes. Com uma palhaçada ignóbil para um Estado dito agnóstico, mas que aproveita a ocasião para injectar medidas de empobrecimento, protegendo offshores, reformas acumuladas e prémios milionários a gestores públicos.

Isto tresanda a Estado Novo.
Com uns fadinhos de permeio (nem o Rock in Rio escapa), sem tréguas, o ícone Benfica emerge. A euforia dá a conveniente camuflagem à cruzada que consolida o intuito de gerar escravos para as corporações.

Isto tresanda a Estado Novo.
As manifestações são desvalorizadas. A ex-sindicalista (da tanga) ministra diz que é tempo de concertação e não de contestação. Pois, pagam-lhe para isso. E a concertação existe quando as partes dialogam com todos os parceiros sociais. O que não tem acontecido, não é? NÃO É, ANDRÉ????

Isto tresanda a Estado Novo.
Discretamente, as presidenciais não existem. Amorfos, os candidatos emergem carneiros com pele sintética de lobo para garantir a eleição do mesmo palhaço.

Isto tresanda a Estado Novo.
Conveniente, está aí o Mundial de Futebol e o oportuno apelo nacionalista. Jornais, televisão, tudo converge para o mesmo narcótico, com telejornais em que a meia hora inicial só tem futebol, Tony Carreira e cornetas merdosas por todo o lado.
Todos apoiam Portugal. Todos apoiam a Selecção. Portugal É a Selecção. Cruzam-se a Nação e a Selecção. Vão parir uma bela merda. O povo comove-se. O povo sofre pela selecção. A porcaria fica escondida.

Isto tresanda a Estado Novo.
Os governantes fazem o seu jogo na sombra da anestesia. Alienam-se as empresas essenciais que podem garantir a segurança da população (água, energia, transportes públicos, saúde, educação, comunicações,…) a favor das corporações.

Isto tresanda a Estado Novo.
As touradas estão de volta.
QUE NOJO!